Histórico de Uso e Ocupação da Floresta Atlântica em uma Unidade de Conservação no Sul do Brasil

Autores

  • Aline Votri Guislon Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.
  • Guilherme Alves Elias Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.
  • Vanessa Matias Bernardo Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil.
  • Viviane Kraieski de Assunção Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.
  • Robson dos Santos Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i2.p47-64

Resumo

O objetivo deste estudo foi compreender o processo histórico de degradação do Parque Estadual da Serra Furada (PAESF), sul de Santa Catarina, antes de se tornar Unidade de Conservação Estadual em 1980. Foram realizadas entrevistas narrativas com antigos moradores locais. Os dados foram analisados por meio do método de análise de conteúdo. Os resultados apontaram que antes de sua implantação, houve no PAESF o corte seletivo da vegetação para obtenção de madeira, alimento ou para fins comerciais, assim como o desflorestamento parcial para a agricultura e pecuária. O uso das árvores visava principalmente à obtenção de madeira, sendo as canelas (Lauraceae) as mais citadas. As atividades de uso e degradação da floresta fizeram parte de um projeto de colonização das terras, relatado como oportunidade econômica e progresso. Atualmente, os entrevistados demonstraram compreender a importância do PAESF, revelando preocupação com os recursos naturais daquele lugar.

Biografia do Autor

Aline Votri Guislon, Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

Doutorado em andamento em Ciências Ambientais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

Guilherme Alves Elias, Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

Doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

Vanessa Matias Bernardo, Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil.

Mestrado em andamento em Recursos Genéticos Vegetais pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil.

Viviane Kraieski de Assunção, Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil. Docente na Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

Robson dos Santos, Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

Doutorado em Engenharia Mineral pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Docente na Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Brasil.

Referências

Alarcon GG, Fantini AC, Salvador CH 2016. Benefícios locais da Mata Atlântica: Evidências de comunidades rurais do sul do Brasil. Ambient. Soc. 19(3):87-110.
Albuquerque UP, Lucena RFP, Lins-Neto EMF 2010. Seleção dos participantes da pesquisa. In Albuquerque UP, Lucena RFP, Cunha LVFC (Org.), Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica, NUPPEA, Recife, p. 23-37.
Alvares CA, Stape JL, Sentelhas PC, Gonçalves JLM, Sparovek G 2013. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorol. Z. 22(6):711-728.
Amorozo MCM, Viertler RB 2010. A abordagem qualitativa na coleta e análise de dados em etnobiologia e etnoecologia. In Albuquerque UP, Lucena RFP, Cunha LVFC (Org.), Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica, NUPPEA, Recife, p. 67-82.
Bailey K 1994. Methods of social research, The Free Press, New York.
Bauer MW, Gaskell G 2006. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático, Vozes, Petrópolis.
Brasil [homepage on the Internet]. Brasília: Decreto No 50.922, de 06 de julho de 1961, [cited 2016 Dez 07]. Available from: http://legis.senado.gov.br/legislacao/DetalhaSigen.action?id=473489
Brasil [homepage on the Internet]. Brasília: Conselho Nacional de Saúde. Resolução No 466, de 12 de dezembro de 2012, [cited 2016 Dez 12]. Available from: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes /2012/Reso466.pdf
Bürgi M, Gimmi U, Stuber M 2013. Assessing traditional knowledge on forest uses to understand forest ecosystem dynamics. For. Ecol. Manage. 289:115-122.
Cabral DC, Cesco S 2008. Notas para uma história da exploração madeireira na Mata Atlântica do sul-sudeste. Ambient. Soc. 11(1):33-48.
Carola CR 2010. Natureza admirada, natureza devastada: história e historiografia da colonização de Santa Catarina. Varia hist. 26(44):547-572.
Cascaes MF, Citadini-Zanette V, Harter-Marques B 2013. Reproductive phenology in a riparian rainforest in the south of Santa Catarina state, Brazil. An. Acad. Bras. Ciênc. 85:1449-1460.
Chazdon RL 2016. Renascimento de florestas: regeneração na era do desmatamento, Oficina de Textos, São Paulo.
Colombo AF, Joly CA 2010. Brazilian Atlantic Forest lato sensu: the most ancient Brazilian forest, and a biodiversity hotspot, is highly threatened by climate change. Braz. J. Biol. 70(3):697-708.
Dall’Alba JL 1986. Colonos e mineiros no grande Orleans, Instituto São José, Orleans.
Dall’Alba JL 2003. Pioneiros nas terras dos condes, Gráfica do Lelo, Orleans.
Dean W 2000. A ferro e fogo: a história e a devastação da mata Atlântica brasileira. Companhia de Letras, São Paulo.
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes [homepage on the Internet]. Brasil: Atlas e Mapas [update 2013 Dez 04; cited 2016 Dez 07]. Available from: http://www.dnit.gov.br/mapas-multimodais
Diegues ACS 1996. O mito moderno da natureza intocada, Hucitec, São Paulo.
EPAGRI Empresa de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural de Santa Catarina 2001. Dados e Informações Biofísicas da Unidade de Planejamento Regional Litoral Sul Catarinense: UPR 8, EPAGRI, Florianópolis.
Esteves NS, Hoffmann-Horochovski MT, Camargo A 2016. Jiçara: frutos de resiliência em Guaraqueçaba (PR). Fronteiras 5(3):39-53.
FATMA Fundação do Meio Ambiente 2010. Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra Furada: Plano Básico: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Santa Catarina (PPMA-SC). Socioambiental Consultores Associados, Florianópolis.
FATMA Fundação do Meio Ambiente [homepage on the internet]. A vida. [cited 2017 Fev. 16] Available from: http://www.fatma.sc.gov.br/conteudo/a-vida
Felipim AP, Queda O 2005. O sistema agrícola Guarani Mbyá e seus cultivares de milho: um estudo de caso. Interciencia 30(3):143-150.
Gomes R 2009. Análise e interpretação de dados em pesquisa qualitativa. In Minayo MCS (Org.), Pesquisa social: teoria, método e criatividade, Vozes, Petrópolis, p. 79-108.
Google Earth. Pro. 2017. [cited 2017 Jan 22]. Available from: https://www.google.com.br/earth/ download/gep/agree.html
Guerra RF 2010. Padre Raulino Reitz e as ciências naturais no Brasil. R. Ci. Hum. 44(1):9-67.
Guislon AV, Pasetto MR, Santos R, Padilha PT, SouzA JC, Pacheco D, Elias GA 2016. As árvores. In Santos R, Citadini-Zanette V, Elias GA, Padilha PT (Org.), Biodiversidade em Santa Catarina: Parque Estadual da Serra Furada, Ediunesc, Criciúma, p. 121-146.
Halbwachs M 2006. A memória coletiva, Centauro, São Paulo.
Holz S, Placci G, Quintana RD 2009. Effects of history of use on secondary forest regeneration in the Upper Parana Atlantic Forest (Misiones, Argentina). For. Ecol. Manage. 258(7):1629-1642.
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2012. Manual Técnico da Vegetação Brasileira, IBGE, Rio de Janeiro.
Jovchelovich S, Bauer MW 2002. Entrevista Narrativa. In Bauer MW, Gaskell G (Org.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático, Vozes, Petrópolis, p. 90-113.
Justen JGK, Muller JJV, Toresan L 2012. Levantamento Socioambiental. In Vibrans AC, Sevegnani L, Gasper AL, Lingner DV (Ed.), Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina. Diversidade e Conservação dos Remanescentes Florestais, Edifurb, Blumenau, p. 243-259.
Klein RM 1978. Mapa fitogeográfico do estado de Santa Catarina. In Reitz R (Ed.), Flora Ilustrada Catarinense, Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí, p. 1-24.
Moretto SP, Nodari ES, Nodari RO 2014. A Introdução e os Usos da Feijoa ou Goiabeira Serrana (Acca sellowiana): A perspectiva da história ambiental. Fronteiras 3(2):67-79.
Muller JJV 2013. Como os moradores da zona rural usam e percebem a floresta. In Sevegnani L, Schroeder E (Org.), Biodiversidade catarinense: características, potencialidades, ameaças, Edifurb, Blumenau, p. 230-231.
Muylaert CJ, Sarubbi JV, Gallo PR, Rolim Neto ML, Reis AOA 2014. Entrevistas narrativas: um importante recurso em pesquisa qualitativa. Rev. Esc. Enferm. USP 48(2):193-199.
Nodari ES 2012. “Mata Branca”: o uso do machado, do fogo e da motosserra na alteração da paisagem em Santa Catarina. In Nodari ES, Klug J (Org.), História ambiental e migrações, Oikos, São Leopoldo, p. 35-53.
Nodari RO, Nodari ES, Franco JLA 2016. Uso e conservação da biodiversidade: as duas faces da moeda. Fronteiras 5(3):11-16.
Oliveira RR 2007. Mata Atlântica, paleoterritórios e história ambiental. Ambient. Soc. 10(2):11-23.
Oliveira RR, Solórzano A 2014. Três Hipóteses Ligadas à Dimensão Humana da Biodiversidade da Mata Atlântica. Fronteiras 3(2):80- 95.
Padgurschi MCG, Pereira LS, Tamashiro JY, JOLY CA 2011. Composição e similaridade florística entre duas áreas de Floresta Atlântica Montana, São Paulo, Brasil. Biota Neotrop. 11(2):139-152.
Padilha PT, Santos-Junior R, Custódio SZ, Oliveira LC, Santos R, Citadini-Zanette V 2015. Comunidade epifítica vascular do Parque Estadual da Serra Furada, sul de Santa Catarina, Brasil. Ciênc. Nat. 37(1):64-78.
Palomo KGS 2015. Vulnerabilidade da Mata Atlântica no Sul da Bahia frente à expansão da fronteira econômica. Fronteiras 4(2):70- 82.
Reis A 1989-2013. Flora Ilustrada Catarinense, Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí.
Reitz R 1965-1989. Flora Ilustrada Catarinense, Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí.
Reitz R, Klein RM, Reis A 1978. Projeto madeira de Santa Catarina, Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí.
Sá CP 2015. Entre a história e a memória: o estudo psicossocial das memórias históricas. Cad. Pesqui. 45(156):260-274.
Santa Catarina [homepage on the internet]. Florianópolis: Lei No 1.464, de 28 de abril de 1956: Declara de utilidade pública uma área de terra no município de Orleans. [update 1956 Abr 28; cited 2016 Dez 14]. Available from: http://www.leisestaduais.com.br/sc/lei-ordinaria-n-1464-1956-santa-catarina-declara-de-utilidade-publica-uma-area-de-terra-no-municipio-de-orleaes
Santa Catarina [homepage on the internet]. Florianópolis: Decreto No 5.165, de 21 de junho de 1978: Cria a Reserva Biológica do Aguaí, no Município de Orleans. [update 1978 Jun 21; cited 2016 Dez 06]. Available from: http://www.pge.sc.gov.br/index.php/legislacao-estadual-pge
Santa Catarina [homepage on the internet]. Florianópolis: Decreto No 11.233, de 20 de junho de 1980, [cited 2016 Dez 06]. Available from: http://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/ Decretos/1980/dec_11233_1980_parqueestadualserrafurada_sc_revg_dec_5165_1978.pdf
Santos R, Citadini-Zanette V, Elias GA, Padilha PT 2016. Biodiversidade em Santa Catarina: Parque Estadual da Serra Furada, Ediunesc, Criciúma.
Santos SC 1997. Os índios Xokleng: memória visual, UFSC, Florianópolis.
Selau MS 2009. A colônia de Grão Pará e a origem da comunidade polonesa do Chapadão. In Souza CO, Zwierewicz M (Coord.), Da ‘Polska’ à terra prometida: o legado polonês em Santa Catarina e um tributo à comunidade do Chapadão, Orleans, Insular, Florianópolis, p. 119-133.
Sevegnani L, Laps RR, Schroeder E, Gasparim M, Rosa RA, Oliveira T 2013. Ameaças à biodiversidade. In Sevegnani L, Schroeder E (Org.), Biodiversidade catarinense: características, potencialidades, ameaças, Edifurb, Blumenau, p. 197-222.
Siminski A, Fantini AC 2007. Roça-de-toco: uso de recursos florestais e dinâmica da paisagem rural no litoral de Santa Catarina. Cienc. Rural 37(3):690-696.
Souza CO, Zwierewicz M 2009. Da Polska à terra prometida: o legado polonês em Santa Catarina e um tributo à comunidade do Chapadão, Orleans, Insular, Florianópolis.

Publicado

2017-09-10

Como Citar

GUISLON, Aline Votri; ELIAS, Guilherme Alves; BERNARDO, Vanessa Matias; ASSUNÇÃO, Viviane Kraieski de; SANTOS, Robson dos. Histórico de Uso e Ocupação da Floresta Atlântica em uma Unidade de Conservação no Sul do Brasil. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 47–64, 2017. DOI: 10.21664/2238-8869.2017v6i2.p47-64. Disponível em: https://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/2175. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê - Gestão das Águas e de Territórios Protegidos