Distribuição Temporal e Espacial de Populações de Guarás (Eudocimus ruber Linnaeus, 1758) e Colhereiros (Platalea ajaja Linnaeus, 1758) no Estuário de Guaraqueçaba - PR
DOI:
https://doi.org/10.21664/2238-8869.2025v14i3.7974Palabras clave:
áreas protegidas, conservação, Mata Atlântica, Guarás, colhereirosResumen
Este estudo teve como objetivo analisar a distribuição temporal e espacial das populações de Guarás (Eudocimus ruber) e Colhereiros (Platalea ajaja) no estuário de Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná, Brasil. A proposta foi fornecer dados ecológicos sobre essas espécies e compreender como a presença de um ambiente equilibrado influencia sua permanência na região. Além disso, buscou-se destacar a importância das Unidades de Conservação (UCs) locais na conservação dessas aves costeiras. O município está inserido em um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica e abriga um complexo estuarino com um mosaico de UCs, como o Parque Nacional de Superagui e a Estação Ecológica de Guaraqueçaba, que sustentam ecossistemas diversos e espécies ameaçadas. A coleta de dados foi realizada durante cinco expedições entre agosto de 2018 e junho de 2019, em quatro transectos percorridos por embarcação. Ambas as espécies foram registradas em todos os meses de amostragem, com variações sazonais na abundância. No total, foram registrados 1.202 indivíduos de Guarás e 91 de Colhereiros. Os Guarás foram mais abundantes em agosto/18 (563 ind.) e abril/19 (405 ind.), enquanto os Colhereiros atingiram seu pico em outubro/18 (54 ind.). Espacialmente, os Guarás concentraram-se principalmente nas regiões de Tibicanga e Guapicum, próximas às UCs. Os Colhereiros, por sua vez, apresentaram uma distribuição mais ampla, do Tromomô ao Canal do Varadouro. Ambas as espécies exibiram padrão de distribuição agregado, mas sem coexistência nos mesmos locais, o que sugere competição interespecífica ou estratégias ecológicas distintas. A frequência de ocorrência dos Guarás foi maior em meses menos chuvosos (agosto e abril – 100%), enquanto os Colhereiros apresentaram maior frequência em outubro, mês com alta precipitação. Os resultados reforçam a importância ecológica do estuário e a urgência de ações integradas de conservação e educação ambiental para proteger a biodiversidade local frente aos impactos humanos.
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