Sustentabilidade e Estudos Multiespécie: Perspectivas e Desafios para a Construção de Sociedades Sustentáveis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2025v14i3.7953

Palavras-chave:

sustentabilidade, estudos multiespécie, antropocentrismo

Resumo

Este artigo analisa a interseção entre os Estudos de Sustentabilidade e os Estudos Multiespécie, investigando de que maneira a abordagem multiespécie tem sido incorporada nos debates acadêmicos sobre desenvolvimento sustentável, biodiversidade e manutenção de comunidades. A partir de uma revisão integrativa da literatura científica publicada entre 2012 e 2022 na base de dados Periódicos Capes, este estudo identifica articulações e tensões conceituais entre os dois campos, considerando implicações epistemológicas e metodológicas. A sustentabilidade, historicamente pautada por um viés antropocêntrico, tem sido desafiada por abordagens que enfatizam a interdependência ontológica entre humanos e não-humanos. Nesse contexto, os Estudos Multiespécie contribuem para uma ressignificação da sustentabilidade ao propor uma visão relacional e descentralizada da agência ecológica. Os resultados evidenciam a emergência de um paradigma interdisciplinar que amplia as fronteiras do conhecimento ambiental e sugere a necessidade de novas estratégias de gestão socioambiental que integrem múltiplos agentes na formulação de políticas sustentáveis.

Biografia do Autor

Fernanda Viero Dias Putini, Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Paraná

Mestra em Biologia Evolutiva (Unicentro). Doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário (Unicentro), Paraná.

Jo Klanovicz, Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), campus Guarapuava

Doutor em História (UFSC). Atualmente é bolsista de Pós-Doutorado Sênior no Laboratório de Migração, Imigração e História Ambiental (LABIMHA-UFSC). Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Comunitário, e do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava, Paraná. Docente do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGH-UDESC).

Referências

Aisher, Al, Damodaran, V 2016. Introduction: human-nature interactions through a multispecies lens. Conservation and Society 14(4). 293-304.

Albiero Jr, A 2021. O desamparo da ciência na transição para sociedades sustentáveis. Rev. Interd. em Cult. e Soc. 7(2): 1- 13.

Aldana, CMV 2022. "Tinanica”, Un Enredo Multiespecie: Apuntes Sobre El Cuidado Y La Defensa De Un Humedal En El Sur De Bogotá. CS 36: 317-43.

Artaxo, P 2014. Uma nova era geológica em nosso planeta: o Antropoceno? Revista USP 103: 13-24.

Capra, F 2002. As conexões ocultas: Ciência para uma vida sustentável. Cultrix, São Paulo.

Capra, F 2006. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. Cultrix, São Paulo.

Carvalho, AL 2020. “Vetores epistemológicos”: ratos, fronteiras e o Antropoceno. Cadernos do CEOM 33(52): 75-92.

Catão, B 2021. Águas de Dançar Juntos: Coordenação e Sintonização Multiespécies na Pesca com os Botos em Laguna (SC – Brasil). Ilha 23(1): 30-49.

Craveiro, R 2021. Agroecología y relaciones multiespecies para la coproducción de alimentos en la región pampeana de Argentina. Ñanduty 9(13): 64-93.

Elkington, J 2012. Sustentabilidade: canibais com garfo e faca. São Paulo: Makron Books.

Espinosa, FV, Moreira-Muñoz, A, Mansilla-Quiñones, P 2022. El giro multiesespecies: representación geohistórica del puma desde una perspectiva interdisciplinar (siglos XVI-XXI). Diálogo Andino 67: 326-45.

Ferreira, F, Zulmira, AC 2010. Sustentabilidade ambiental: visão antropocêntrica ou biocêntrica? Ambientalmente Sustentable I: 9-10.

Fonk, M, Jacob, D 2018. Escuchando El Llamado Del Bosque”: Explorando Las Dimensiones Afectivas De La Conservación Ambiental Desde La Etnografía Multiespecies. Santuario El Cañi, Chile. Revista Austral de Ciencias Sociales 35: 221-238.

Garcia AKA et al 2016. Estratégias para o alívio da sede: revisão integrativa da literatura. Rev Bras Enferm 69(6):1215-22.

Gerhardt, M; Nodari, ES, Moretto, Samira P. (orgs.) 2017. História ambiental e migrações: diálogos. Oikos/Editora da UFFS, São Leopoldo/Chapecó.

Gilbert, S 2017. Holobiont by birth: multilineage individuals as the concretion of cooperative proccesses. En Arts of living on a damaged planet, editado por Anna Tsing, Heather Swanson, Elaine Gan y Nils Bubandt, 73-90. Tsing, Anna et al. (eds.). Minneapolis: University of Minnesota Press.

Haraway, D 2021. O manifesto das espécies companheiras – Cachorros, pessoas e alteridade significativa. Bazar do Tempo, Rio de Janeiro.

Holliver, G 2020. Uma antropologia que dança: algumas notas sobre paisagens de conceitos em Anna Tsing. Anuário Antropológico 45(3): 189-202.

Summary for Policymakers. In: Edenhofer OR, Pichs-Madruga Y, Sokona E, et al. 2014. Climate Change 2014: Mitigation of Climate Change. Contribution of Working Group III to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge, Cambridge University Press. p. 1-30, 2014.

Jacob, P 2003. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa 118.

Jungues, J 2021. O novo regime climático do Antropoceno e de Gaia. Rev. Bioét. 29(4).

Khon, E 2013. How Forests Think: Toward an anthropology beyond the human. University of California Press, Berkeley.

Kirksey, ES, Helmreich, S 2010. The emergence of multispecies ethnography. Cultural Anthropology 25(4): 545-576.

Lederach, A 2019. El campesino nació para el campo: un enfoque multiespecies hacia la paz territorial en Colombia. Maguaré 33(2): 171-207.

Lewis, SL, Masin, MA 2015. Defining the Anthropocene. Nature 519: 171-180.

Lovelock, JE 1990 Hands up for the Gaia hypothesis. Nature 344(6262): 100-102.

Margulis, L 1997. Grande problema na biologia: autopoiese fisiológica versus neodarwinismo mecanicista . In L Margulis, D Sagan, Slanted Truths: Essays on Gaia, Symbiosis, and Evolution. Springer, New York, p. p. 265-282.

Massumi, B 2017. O que os animais nos ensinam sobre política. n-1, São Paulo.

Meillon, B 2019. Measured Chaos: EcoPoet(h)ics of the Wildin Barbara Kingsolver’s Prodigal Summer. Ecozon 10(1): 60-80.

Mendes, KDS; Silveira, RCCP, Galvão, C 2008. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 17(4):758-64.

Nascimento, RM, Rodrigues, ACS 2021. "Ataques de tubarões": Relações multiespécies e gêneros nas praias de Pernambuco-Brasil. Ñanduty 9(13): 254-271.

ONU 1972. Organização das Nações Unidas. Relatório da delegação do Brasil à Conferência das Naões Unidas sobre o meio ambiente humano, Estocolmo.

ONU 1987. Brundtland Comission em Our Common Future. Oxford University Press, London.

Pádua, JA 2010. As bases teóricas da história ambiental. Estudos avançados 24(68.

Pereira, TF 2018. Estudos Multiespécies: uma breve análise da teoria e de suas aplicações. Revista Ensaios 13.

Pereira, LC, Silveira, PCB 2021. Humanos e Caranguejos nos Manguezais do Delta do Parnaíba: histórias da paisagem. Revista Anthropólogicas 32(1): 1-36.

Ribeiro, PVBC 2021. Imponderável da vida e o imponderável do rio: o rio São Francisco como um palco em movimento. Revista de recerca i formació en antropologia 26(2): 197-224.

Roos, A, Becker, ELS 2012. Educação ambiental e sustentabilidade. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental REGET/UFSM 5(5): 857-866.

Sachs, I 1986. Espaços, Tempos e Estratégias do Desenvolvimento. Vértice, São Paulo.

Sachs, I 2004. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Garamond, Rio de Janeiro.

Sartori, S, Latrônico, F, Campos, LMS 2014. Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: uma taxonomia no campo da literatura. Ambiente & Sociedade XVII(1): 1-22.

Schiavoni, G 2021. Aclimatando humanos y plantas. La propagación de colonos ecologistas en Misiones (Argentina). Mana 27(1): 1-33.

Segata, J 2019. El mosquito-oráculo y otras tecnologías. Tabula Rasa 32: 103-125.

Silva, CM da, Arbilla, G 2018. Antropoceno: os desafios de um novo mundo. Rev. Virtual Quim. 10(6): 1619-1647.

Silva, DCBS, Rech, AU 2017. A superação do antropocentrismo: uma necessária reconfiguração da interface homem-natureza. R. Fac. Dir. UFG 41(2): 13-27.

Souza, MT, Silva, MD, Carvalho, R 2010. Revisão integrativa: o que é e como fazer? Einstein 8(1):102-6.

Strong, M 2003. Discurso proferido na Conferência do Rio em Meio Ambiente e Desenvolvimento. In V Nanda. International environmental Law and policy for the 21 st century. Transnational Publishers, New York.

Süssekind, F 2018. Sobre a vida multiespécie. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros 69: 159-178.

Taylor, PW 1987. Respect for Nature: a theory of environmental ethics. Princeton University Press, New Jersey.

Torres, S 2017. O antropoceno e a antropo-cena pós-humana: narrativas de catástrofe e contaminação. Ilha do Desterro 70(2): 93-105.

Tsing, AL 2015. The mushroom at the end of the world: On the possibility of life in capitalist ruins. Princeton University Press, Princeton.

Tsing, AL 2015. Margens Indomáveis: cogumelos como espécies companheiras. Ilha 17(1): 177-201.

Tsing, AL 2019. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno. IEB Mil folhas, Brasília.

Tsing, AL 2021. O Antropoceno mais que Humano. Ilha 23(1): 176-191.

Worster, D 1991. Para fazer história ambiental. Estudos Históricos, 4(8).

Publicado

2025-09-04

Como Citar

PUTINI, Fernanda Viero Dias; KLANOVICZ, Jo. Sustentabilidade e Estudos Multiespécie: Perspectivas e Desafios para a Construção de Sociedades Sustentáveis. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 14, n. 3, p. 179–196, 2025. DOI: 10.21664/2238-8869.2025v14i3.7953. Disponível em: https://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/7953. Acesso em: 7 set. 2025.