Desastre da Samarco no Brasil: desafios para a conservação da biodiversidade

Autores

  • Haruf Salmen Espindola Universidade Vale do Rio Doce - Univale, Brasil.
  • Renata Bernardes Faria Campos Universidade Vale do Rio Doce - Univale, Brasil.
  • Karla Cristine Coelho Lamounier Universidade Vale do Rio Doce - Univale, Brasil.
  • Rômulo Siqueira Silva Universidade Vale do Rio Doce - Univale, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2016v5i3.p72-100

Resumo

No dia 5 de novembro de 2015, o Brasil e o mundo tomaram conhecimento do desastre ambiental provocado pelo rompimento da barragem de Fundão (Samarco/Vale/BHP Billiton), em Mariana-MG. O impacto do desastre não se restringiu às áreas imediatas à jusante do barramento, onde causou destruição de assentamentos humanos, mas impactou cursos d’água, terras agricultáveis, atividades econômicas, abastecimento de água potável para cidades e a biodiversidade. O Parque Estadual do Rio Doce (PERD), principal remanescente da Mata Atlântica do estado, se viu diante de uma ameaça não prevista em seu plano de manejo. Assim, este artigo é dedicado à história e importância do PERD, ao desastre da Samarco/Vale/BHP e aos impactos provocados nesta unidade de conservação. Discute-se impactos do desastre para a vida humana e biodiversidade, inclusive porque as condições ecológicas implicam em possibilidades e entraves para processos sociais.

Biografia do Autor

Haruf Salmen Espindola, Universidade Vale do Rio Doce - Univale, Brasil.

Professor Titular da Universidade Vale do Rio Doce - Univale, atua no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Interdisciplinar em Gestão Integrada do Território – GIT/Univale. Possui graduação em História pela UFMG (1981), mestrado em História Política pela UnB (1988) e doutorado em História Econômica pela USP (2000). Na pesquisa dedica à Ciência Política, História Social e História Ambiental. Na Extensão atua no campo do desenvolvimento territorial, em projetos ligados ao Território Rural do Médio Rio Doce e à Agroecologia.

Renata Bernardes Faria Campos, Universidade Vale do Rio Doce - Univale, Brasil.

Professora pesquisadora do PPG Interdisciplinar em Gestão Integrada do Território – GIT/Univale. Possui graduação em Biologia (1999) pela Universidade Federal de Viçosa; mestrado (2002) e doutorado (2008) em Entomologia pela mesma Universidade. Atua na área de Ecologia (com ênfase em ecologia de comunidades em matas ciliares) e formação de professores para Educação Ambiental e Ensino de Ciências. 

Karla Cristine Coelho Lamounier, Universidade Vale do Rio Doce - Univale, Brasil.

Advogada com experiência na área de Direito Civil e Direito Público; mestranda do PPG Interdisciplinar em Gestão Integrada do Território – GIT/Univale, desenvolvendo estudo com ênfase na área ambiental, particularmente em relação ao Parque Estadual do Rio Doce, em Minas Gerais. Possui graduação em Direito pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce (2003).

Rômulo Siqueira Silva, Universidade Vale do Rio Doce - Univale, Brasil.

Graduando do curso de Engenharia Civil da Universidade Vale do Rio Doce e bolsista de iniciação científica pela FAPEMIG. 

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Publicado

2016-12-20

Como Citar

ESPINDOLA, Haruf Salmen; CAMPOS, Renata Bernardes Faria; LAMOUNIER, Karla Cristine Coelho; SILVA, Rômulo Siqueira. Desastre da Samarco no Brasil: desafios para a conservação da biodiversidade. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 5, n. 3, p. 72–100, 2016. DOI: 10.21664/2238-8869.2016v5i3.p72-100. Disponível em: https://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/2045. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê - Uso e conservação da Biodiversidade