Desnutrição e Diabetes Mellitus em indígenas residentes em Mato Grosso do Sul, 2007 a 2022

Desnutrição e Diabetes em indígenas de Mato Grosso do Sul, 2007-2022

Autores

  • Mario Ribeiro Alves UFMT

DOI:

https://doi.org/10.37951/2358-9868.2023v11i2.p18-28

Palavras-chave:

Saúde Indígena, Doença Crônica, Análise Espacial, Serviços de Saúde

Resumo

Objetivo: analisar a distribuição, no espaço e no tempo, de desnutrição e de Diabetes Mellitus em indígenas residentes em Mato Grosso do Sul, de 2007 a 2022. Metodologia: estudo ecológico, com uso de dados secundários e análise no espaço e no tempo. Trabalhou-se com registros de internações por desnutrição em crianças de 0 a 4 anos de idade e de outras deficiências nutricionais e internações por Diabetes Mellitus, em pessoas de 40 a 79 anos de idade, filtrados por município, sexo e cor/raça indígena. Taxas de internações por agravo e por ano foram calculadas pela divisão do número de registros pela estimativa populacional por ano, sendo multiplicado por 100.000. Taxas médias por períodos foram calculadas a partir da soma das taxas anuais, dividida pela quantidade de anos por período. Aglomerados espaço-temporais foram calculados no Programa SaTScan, versão 9.6. Resultados: observaram-se 1.263 internações por desnutrição e 933 por DM, sendo 637 internações por desnutrição referentes às mulheres e 626, aos homens; no que tange à DM, ocorreram 667 internações em mulheres e 371 em homens. As maiores taxas médias tiveram concentração em municípios das porções oeste, central, sudoeste e sul. Conclusão: embora haja dificuldades na atenção à saúde indígena, há possibilidades de intervenção. Apesar da relevância do tema, há poucos trabalhos que forneçam um panorama geral dos agravos, reforçando a importância deste estudo como ponto de partida para planejamento.

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Publicado

2023-12-21

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS